Com ‘casamento marcado’, Marfrig e BRF aprovam R$ 5,6 bi em dividendos e JCP
As empresas confirmaram que a incorporação de ações da BRF pela Marfrig será concluída em 22 de setembro de 2025.
Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) entraram em choque nesta sexta-feira (29), após dois anos de negociação sobre a venda de ativos no Uruguai.
🥩A Minerva tenta comprar desde agosto de 2023 as unidades de abate de bovinos mantidas pela Marfrig nas cidades de Colônia, Salto e San José. Contudo, a transação foi barrada pela autoridade concorrencial do Uruguai em maio de 2024 e, desde então, vinha sendo renegociada.
Nesta sexta-feira (29), no entanto, a Marfrig publicou um fato relevante dizendo que o prazo para o fechamento do negócio acabou e indicou que, por isso, não tem mais obrigação de seguir com a venda das plantas para a Minerva.
A companhia alega que o contrato assinado em 28 de agosto de 2023 dizia que o fechamento da operação estava sujeito ao cumprimento de determinadas condições que deveriam ser atendidas em um prazo de 24 meses, o que não aconteceu.
🗣️ "As condições suspensivas aplicáveis à Operação não foram satisfeitas até a Data Limite e, portanto, o Contrato Uruguai foi resolvido de pleno direito, não mais obrigando as partes a concluir a Operação", declarou.
A Minerva, no entanto, rebateu a declaração e disse que segue engajada na aprovação do negócio. "A Companhia discorda da alegação da Marfrig e entende que o contrato permanece em vigor", afirmou.
A Minerva chegou a anunciar a venda da planta de Colônia para a AllanaMagellan em junho deste ano, por um valor de US$ 48 milhões. A venda era uma das condições para que a companhia conseguisse ficar com os outros dois ativos negociados com a Marfrig. Contudo, a conclusão da operação também dependia do aval da autoridade concorrencial uruguaia.
A Marfrig ressaltou que "as três unidades, objetos da transação, continuam operando plenamente".
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💲 O negócio no Uruguai fazia parte de uma operação maior, em que a Minerva também comprou plantas da Marfrig no Brasil, Argentina e Chile. A transação foi avaliada inicialmente em R$ 7,5 bilhões ao todo, sendo R$ 675 milhões das plantas uruguaias.
O negócio, contudo, também passou por ajustes no Brasil. O Tribunal do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a transação com restrições em setembro de 2024. A avaliação foi de que as restrições eram necessárias para garantir a preservação de um ambiente competitivo e equilibrado no mercado brasileiro de carnes bovina e ovina.
No Uruguai, a Coprodec (Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência do Uruguai) barrou a venda dizendo que a Minerva passaria a deter uma posição dominante no mercado local de abate bovino local com a aquisição.
Quando anunciou o acordo em agosto de 2023, a Minerva disse que a transação reforçaria sua liderança como a maior exportadora de carne bovina da América do Sul. Já a Marfrig disse à época que a operação estava alinhada à "estratégia de focar na produção de carnes com marca e produtos de maior valor agregado".
As empresas confirmaram que a incorporação de ações da BRF pela Marfrig será concluída em 22 de setembro de 2025.
Apesar do noticiário, as ações de ambas as processadoras de proteína animal fecham em baixa hoje.