Como fazer o dinheiro trabalhar para você?
A realidade do mercado financeiro no Brasil pode parecer cheia de números e termos que, em um primeiro momento, assustam quem busca entender os fundamentos das companhias. Mas é aqui que entra a métrica de receita líquida.
Nesta conversa, a ideia é detalhar de forma aprofundada o que significa esse indicador, como identificá-lo em relatórios financeiros, por que ele tem peso para investidores e de que modo você pode usar essa referência em uma estratégia de longo prazo.
Então, vamos abrir espaço para explicar cada nuance, com uma linguagem que seja próxima do investidor brasileiro que acompanha balanços e relatórios de companhias, seja para montar carteira, seja para fazer trade.
A receita líquida é aquele valor que sobra depois de descontar impostos sobre vendas, devoluções, abatimentos, descontos e outras deduções aplicáveis ao faturamento de uma empresa.
Para quem olha o demonstrativo de resultados (DRE), ela aparece já nos primeiros blocos de informação, exibindo quanto o negócio realmente agregou ao caixa.
A receita inicial, antes dos descontos, é conhecida como receita bruta.
Já a receita líquida mostra o quanto fica de fato na conta após subtrair todos os valores que não permanecem à disposição da companhia.
Assim, é fundamental observar esse número para entender se as vendas realizadas representam um ganho efetivo ou se há perdas consideráveis que deixam o resultado final em um patamar menor do que o esperado.
O noticiário nacional e internacional costuma mencionar a receita bruta para exaltar o volume total de vendas, mas quem vive o mercado sabe que a receita líquida indica o quão eficiente foi o negócio ao lidar com taxas de cartão, impostos estaduais, municipais, federais e possíveis ressarcimentos que impactam o montante recebido de fato.
Esse indicador faz diferença para avaliar se o modelo comercial está bem estruturado ou se há gargalos que comprometem a geração de recursos.
Antes de aprofundar pontos mais técnicos, vale esclarecer definitivamente a diferença entre receita bruta e receita líquida.
Isso porque muita gente ainda confunde ou acaba usando as duas expressões como se fossem sinônimos:
A título de exemplo, se uma indústria vendeu R$ 1 milhão em mercadorias, mas concedeu R$ 200 mil em descontos e pagou R$ 80 mil de impostos sobre vendas, a receita bruta é R$ 1 milhão, porém a receita líquida atinge R$ 720 mil, pois se subtraem R$ 280 mil referentes a abatimentos e impostos.
Esse exemplo prático já esclarece por que muitas empresas conseguem um volume interessante de faturamento, mas, na hora de olhar para a parcela líquida, o valor é bem menor.
Analistas experientes e quem se dedica a leituras de relatórios e tendências do segmento empresarial olham primeiro para a receita líquida ao comparar o desempenho de companhias em trimestres consecutivos.
Esse indicador indica se o empreendimento está conseguindo encaixar as vendas de forma sustentável ou se há algum desequilíbrio no caminho.
Uma receita líquida crescente mostra que, mesmo com possíveis deduções, a firma consegue avançar no que realmente entra em seu caixa.
Já quando a receita líquida se mantém estagnada ou cai, é hora de investigar melhor: ou as deduções subiram, ou as vendas encolheram.
Não há fórmula exata que sirva para todas as empresas, mas é comum olhar para esse dado junto a outras métricas, como:
Esse cruzamento de informações dá uma visão clara do cenário e das perspectivas para o empreendimento.
Se a ideia é avaliar se uma empresa é boa para comprar ações, o comportamento da receita líquida pode ser um ponto de partida.
Nem toda a receita que entra no caixa tem origem no que a empresa faz no dia a dia.
Em algumas situações, o que chamamos de receita líquida se divide em duas categorias.
É útil entender como se faz essa separação, pois isso ajuda a distinguir quando o dinheiro vem efetivamente da atividade principal ou quando se trata de um evento fora do comum.
Essa é a parcela que vem das vendas diretas de produtos ou serviços que fazem parte do negócio principal da companhia.
Uma empresa de varejo, por exemplo, encontra aqui todo o valor gerado pela comercialização regular de itens.
Quando se fala em receita operacional, portanto, a ideia é deixar explícito que a quantia resultou de atividades planejadas, voltadas ao core business.
É a parte que surge de circunstâncias ocasionais, fora do previsto, como a venda de um ativo relevante (um prédio, maquinário, patentes ou outros elementos).
Em geral, esse dinheiro extra pode subir o balanço pontualmente, mas não indica que haverá repetição desse acréscimo em períodos futuros.
Por isso, ao analisar esse componente, o investidor se questiona: “Esse montante veio de uma melhoria real do negócio ou simplesmente de um desinvestimento que não vai se repetir?”.
O mercado costuma ficar atento a essa distinção para não tomar decisões precipitadas.
Às vezes, a empresa apresenta um salto de receita líquida, mas boa parte desse avanço vem de uma venda pontual.
Analisar esse fator garante que a percepção sobre o andamento do negócio seja mais clara.
O cálculo da receita líquida é direto, mas exige atenção com dados. Basicamente, pega-se o valor total das vendas e subtrai-se tudo que não permanece no caixa.
A equação fica assim:
Receita líquida = Receita bruta – Deduções
Essas deduções incluem:
Com isso, o saldo resultante reflete de forma fiel o valor que entra na companhia.
Quem já circulou pelo setor de finanças entende que a maior parte das empresas olha esse resultado como base para seus cálculos de margem e projeções de resultados.
Um problema recorrente é quando uma companhia, na pressa de aumentar o faturamento, concede descontos muito altos.
Essa tática pode levantar a receita bruta, mas se há muita redução de preço, a receita líquida não cresce no mesmo ritmo.
Em segmentos competitivos, isso ocorre com frequência, e esse alerta precisa ser visto pelos gestores.
É essencial não confundir receita líquida com lucro líquido.
A primeira abrange o que a companhia arrecada nas vendas, sem incluir custos totais da operação.
O lucro líquido, por sua vez, surge depois de tirar também despesas administrativas, despesas financeiras, folha de pagamento, aluguéis, custos de produção, impostos sobre lucro e tudo o que compromete o resultado final.
Muitos administradores e investidores que acompanham balanços observam ambas as métricas.
O lucro líquido pode ser positivo mesmo com uma receita líquida modesta se a companhia é muito eficiente em controlar custos.
Em contrapartida, se o negócio tem uma receita líquida alta, mas gasta demais com estrutura, o lucro líquido fica comprometido.
Por isso, a recomendação do mercado é olhar as duas variáveis junto com indicadores como margem bruta, margem EBITDA, margem líquida e também verificar o comportamento do endividamento, para certificar se a empresa não está operando no vermelho, mesmo com vendas interessantes.
Ao investigar os fundamentos de uma companhia, muitos avaliam a receita líquida em conjunto com outros indicadores.
O propósito é entender de modo aprofundado como está o setor, a estratégia e a saúde financeira.
A análise fundamentalista se completa quando esses fatores se unem a dados de balanço patrimonial, demonstração de fluxo de caixa e eventuais indicadores de rentabilidade, como ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) e ROIC (retorno sobre o capital investido).
Quem opera na bolsa costuma monitorar trimestralmente os resultados das companhias nas quais possui participação.
Aqueles que seguem uma linha de investimento focada em valor acompanham esses relatórios para identificar tendências de médio e longo prazo. A receita líquida é usada para ver se a empresa está:
Fundos de investimento e analistas independentes também dão atenção a esses dados.
Em relatórios disponibilizados em plataformas, o avanço ou recuo da receita líquida recebe destaque, pois indica diretamente se a operação encontra-se em bom momento.
Quem aplica em ações ou debêntures de uma companhia tende a olhar esse comportamento para projetar se, no futuro, a empresa terá recursos suficientes para pagar dividendos ou honrar obrigações.
Alguns componentes podem fazer a receita líquida subir ou cair ao longo de determinado período. A lista a seguir exemplifica:
Esses pontos mostram que a gestão de uma companhia envolve muitas variáveis.
Quem observa esse indicador com uma ótica de vários trimestres identifica se a empresa está agindo de maneira eficiente ao equilibrar custos, impostos, logística e estratégias comerciais.
Para ficar mais tangível, pense em três empresas hipotéticas:
Empresa X – Atua no varejo de vestuário e está enfrentando um aumento nas vendas online. A receita bruta sobe bastante, mas há mais devoluções devido a políticas de troca flexíveis.
Mesmo assim, a receita líquida cresceu em 15% no último trimestre por conta do volume vendido.
Ainda assim, os relatórios mostram que a margem de lucro ficou menor, pois a empresa gasta mais com logística de entregas e trocas.
Empresa Y – É uma indústria de eletrônicos que exporta boa parte da produção. O câmbio favorável resultou em ganho extra na receita bruta, só que uma mudança na tributação elevou o imposto sobre vendas.
Com isso, a receita líquida avançou menos que o esperado. Analistas monitoram se a indústria vai repassar parte dos custos ao mercado externo ou arcar com parte do prejuízo na margem.
Empresa Z – Explora recursos naturais e vende para clientes externos e internos.
Houve venda de um ativo valioso, o que gerou uma quantia extra que elevou a receita líquida em determinado trimestre. Porém, esse valor não deve se repetir, pois foi uma transação pontual.
O mercado identifica que, sem esse fator, a evolução das vendas está estável, sem grande crescimento. Por isso, o otimismo inicial do mercado arrefece quando olham a receita recorrente.
Esses exemplos práticos ajudam a interpretar por que o mercado olha com cuidado a composição da receita líquida.
Nossa plataforma disponibiliza um panorama detalhado dos balanços, além de auxiliar o investidor na hora de juntar os dados em gráficos e tabelas intuitivas.
Assim, fica simples ver quando a receita líquida avança, como ela se relaciona com o lucro, o nível de endividamento e outros fatores que moldam a decisão de compra ou venda de ativos.
Ao unir o conhecimento sólido de relatórios financeiros com o suporte do Investidor10, quem investe encontra um caminho mais seguro para entender de forma prática tudo o que se passa nas empresas!
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