China para de comprar soja dos EUA, que põe a culpa no agro brasileiro

Exportadores pressionam governo Trump após queda drástica nos pedidos; Brasil domina vendas para Pequim.

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Publicado em 12/09/2025 às 12:02h - Atualizado 2 horas atrás Publicado em 12/09/2025 às 12:02h Atualizado 2 horas atrás por Wesley Santana
Soja é uma das principais exportações brasileiras (Imagem: Shutterstock)
Soja é uma das principais exportações brasileiras (Imagem: Shutterstock)

A China é o maior comprador de soja em todo o mundo. Quase 10 toneladas do item chegam todos os meses em seus portos, quantia que vem aumentando nos últimos meses. 

Por causa da grande expansão, a disputa pelo comércio asiático é gigante, mas está restrita a poucos países. Neste contexto, um agente importante tem perdido espaço no envio de soja à China: os Estados Unidos. 

A baixa na importação chinesa é tão grande que fez os agricultores norte-americanos reclamarem junto ao governo de Donald Trump. Além de falarem sobre uma eventual retaliação em relação às tarifas dos EUA, eles alegam que o Brasil tem pegado a maior parte das commodities que antes eram enviados por eles.

"Setembro está chegando. A colheita está começando no sul profundo, e não temos nenhum bushel de soja registrado para vender à China nesta safra que está prestes a sair do campo", disse um agricultor à imprensa. 

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A China é um dos países que organizam as compras com antecedência com o objetivo de obter negociações mais vantajosas. Porém, não há nenhum kilo sequer de soja encomendado para os próximos meses, conforme destaca um documento do Departamento de Agricultura dos EUA. 

O cenário preocupa os produtores dos EUA, que trabalham com base no calendário de safras, este que vai entre setembro e janeiro do próximo ano. No ano passado, neste mesmo período, as reservas da China já haviam superado a casa de 12 milhões. 

"Façam da soja uma prioridade em quaisquer negociações comerciais que estejam ocorrendo. A soja é a principal exportação agrícola para a China. Na última guerra comercial, ela representou 71% das perdas que tivemos como agricultures americanos”, destacou outro produtor. 

No ano passado, o Brasil e os Estados Unidos foram os dois maiores exportadores de soja para Pequim. O país latino ficou com 71% dos envios, enquanto o norte-americano foi responsável por 21% dos envios. 

No âmbito da guerra comercial, entretanto, o Brasil tem abocanhado grande parte da demanda que antes era direcionada mais ao norte do continente. Só neste ano, foram mais de 86 milhões de toneladas enviadas, número que representa 76% do total previsto para todo o ano de 2025.

Soja mais cara

Não há nenhuma informação de que o governo chinês ou mesmo as empresas tenham fechado seu mercado para as importações dos EUA. Segundo o calendário do país, as empresas ainda podem fazer pedidos nos próximos meses, até que a safra seja concluída, o que só acontece no começo do próximo ano. 

Apesar disso, abre preocupação em relação aos produtos, que tem parte de sua demanda direcionada exclusivamente para a China. “Se fosse um cenário normal, estaríamos embarcando 15 cargas por semanas”, comentou outro produtor de soja.

O preço da soja americana no mercado internacional supera o praticado pelo agronegócio brasileiro. Atualmente, Washington vende seus itens na média de US$ 0,85 por bushel.

Tudo fica diferente com a tarifa de importação imposta pela China para produtos que chegam dos EUA, que sobe o custo para até US$ 2. Diante disso, os produtores buscam opções menos caras e que possam entregar o mesmo valor agregado. 

Na análise de especialistas, os EUA devem reduzir ainda mais suas estimativas para as exportações de soja para este ano. Hoje, a soma está fixada em 46,4 milhões de toneladas, já abaixo do que foi projetado anteriormente, quando o país previa o envio de mais de 52 toneladas ao exterior.